GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SEDUC – SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

20 CRE – COORDENADORIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO COLÉGIO ESTADUAL Dr. DORVALINO LUCIANO DE SOUZA MOSTRA CIENTÍFICA – ETAPA REGIONAL





MICHELI B. BERNARDI, WILLIAN B. GOBI, PYETRA B. FRANCO






XEQUE-MATE NO CONHECIMENTO: O XADREZ COMO FERRAMENTA PARA O RACIOCÍNIO LÓGICO E ABSTRATO




Projeto de pesquisa aplicada com abordagem qualitativa, do tipo interdisciplinar, exploratória, de campo e com caráter educativo e inclusivo, voltado à implementação e análise de práticas pedagógicas sustentáveis e inovadoras por meio do uso do xadrez gigante como ferramenta de ensino, vinculado ao Colégio Estadual Dr. Dorvalino Luciano de Souza, instituição pública localizada no município de Cerro Grande/RS.




Orientador: Prof. Alberto Moi

Co-orientador: Prof. Marcia Bianchetto





Cerro Grande - RS 2025

Resumo



O projeto "Xeque-Mate no Conhecimento: O Xadrez como Ferramenta para o Raciocínio Lógico e Abstrato" tem como propósito utilizar o xadrez como recurso pedagógico interdisciplinar, promovendo o desenvolvimento do pensamento lógico, crítico e abstrato entre os alunos do CEEDO, com foco especial na inclusão de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Desde 2022, a proposta baseia-se na sustentabilidade, na coleta de materiais reaproveitáveis e na construção de um tabuleiro gigante de xadrez. As ações incluem oficinas inclusivas, apoio do AEE, parcerias público-privadas e integração com eventos como as Paraolimpíadas Escolares e mostras regionais. A iniciativa promove a socialização, o raciocínio estratégico, a concentração, a criatividade e o desempenho estudantil, consolidando-se como uma prática inovadora e acessível para o fortalecimento da aprendizagem.


Palavras-chave: xadrez; raciocínio lógico; inclusão; autismo; sustentabilidade.

Abstract




The project "Checkmate in Knowledge: Chess as a Tool for Logical and Abstract Reasoning" aims to use chess as an interdisciplinary pedagogical resource to foster the development of logical, critical, and abstract thinking among students at CEEDO, with a special focus on the inclusion of students with Autism Spectrum Disorder (ASD). Since 2022, the initiative has been grounded in sustainability, involving the collection of recyclable materials and the construction of a giant chessboard. The activities include inclusive workshops, support from Special Educational Assistance (AEE), public-private partnerships, and participation in events such as the School Paralympics. The project promotes socialization, strategic reasoning, concentration, creativity, and academic performance, establishing itself as an innovative and accessible practice for strengthening learning.


Keywords: chess; logical reasoning; inclusion; autism; sustainability.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 5

REVISÃO  BIBLIOGRÁFICA 6

METODOLOGIA 14

CRONOGRAMA – PERÍODO: 2025 A 2026 22

CONCLUSÃO 23

REFERÊNCIAS 24


O desenvolvimento do raciocínio lógico, do pensamento crítico e da capacidade de resolução de problemas é uma das competências essenciais apontadas pelas diretrizes educacionais contemporâneas, especialmente pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que reforça a importância de práticas pedagógicas integradoras e inclusivas. Neste cenário, o uso de jogos no ambiente escolar, em especial o xadrez, tem ganhado destaque por seu potencial de promover a aprendizagem interdisciplinar, o estímulo cognitivo e a socialização entre os estudantes.

O xadrez, reconhecido como ferramenta didática em diversos países, tem sido amplamente estudado por pesquisadores da área da Educação. Segundo Ferreira (2019), o jogo de xadrez contribui significativamente para o desenvolvimento de habilidades cognitivas como memória, planejamento e tomada de decisão. Para Oliveira e Silva (2020), sua aplicação pedagógica pode ser particularmente eficaz no ensino da Matemática, por favorecer o pensamento analítico e a concentração. No campo da inclusão, Santos (2021) aponta que jogos pedagógicos adaptados são eficazes na integração de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), proporcionando ambientes mais participativos e acolhedores.

É nesse contexto que se insere o projeto "Xeque-Mate no Conhecimento: O Xadrez como Ferramenta para o Raciocínio Lógico e Abstrato", idealizado no ano de 2022 no Colégio Estadual Dr. Dorvalino Luciano de Souza. A proposta parte da construção e utilização de um tabuleiro gigante de xadrez, elaborado com materiais recicláveis (garrafas PET, papelão, tintas reaproveitadas, entre outros), como meio de aliar sustentabilidade, acessibilidade e inclusão à prática pedagógica. A iniciativa visa não apenas estimular o raciocínio lógico dos estudantes, mas também integrar alunos com TEA à atividade, com apoio dos profissionais da Sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Além da prática regular do jogo, o projeto contempla ações pedagógicas ampliadas como a realização de seminários temáticos, apresentações em outras instituições de ensino e participação em eventos públicos, com o intuito de divulgar o projeto, sensibilizar a comunidade escolar e promover a consciência coletiva quanto à importância da inclusão, da reutilização de materiais e da sustentabilidade. Busca-se, ainda, estabelecer parcerias com instituições públicas e privadas que possibilitem apoio logístico e financeiro, fortalecendo a continuidade e o crescimento da proposta.

O projeto também visa oportunizar novas práticas de ensino pautadas na interdisciplinaridade, promovendo um ambiente escolar mais atrativo, acolhedor e democrático, onde todos os alunos possam se desenvolver de forma integral. Nesse sentido, estão previstas ações de capacitação para que estudantes participem de competições em níveis regional, estadual e federal, com foco especial na inclusão nas Paraolimpíadas Escolares, que reservam espaço exclusivo para alunos com TEA.

O objetivo deste estudo é, portanto, demonstrar como o xadrez, especialmente em sua versão inclusiva e sustentável, pode ser uma poderosa ferramenta pedagógica para o desenvolvimento do raciocínio lógico e abstrato, ao mesmo tempo em que promove habilidades socioemocionais, fortalece vínculos escolares e contribui para a formação cidadã dos estudantes.




A utilização de jogos no contexto educacional tem se mostrado uma estratégia eficaz para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, emocionais e sociais. Dentre os jogos mais estudados e aplicados na escola, o xadrez tem se destacado como uma ferramenta pedagógica poderosa, capaz de contribuir com a formação integral do aluno. Sua aplicação vai além do entretenimento, sendo reconhecida como uma prática capaz de potencializar o raciocínio lógico, a memória, a concentração, o planejamento estratégico e a tomada de decisões (FERREIRA, 2019).

Além dos benefícios cognitivos, o xadrez se apresenta como uma importante ferramenta de inclusão. Sua lógica simbólica, a estrutura de regras claras e o foco no pensamento estratégico permitem que ele seja adaptado para atender a estudantes com diferentes perfis de aprendizagem, inclusive aqueles com Transtorno do Espectro Autista (TEA). De acordo com Santos (2021), o uso de jogos adaptados nas práticas pedagógicas promove maior engajamento e interação entre alunos com e sem deficiência, contribuindo para um ambiente escolar mais justo e acolhedor.



A utilização do xadrez como recurso pedagógico tem se consolidado como uma estratégia eficaz no desenvolvimento de habilidades cognitivas, socioemocionais e

metacognitivas entre os estudantes. Diversos estudos apontam que a prática do jogo estimula o raciocínio lógico, a atenção, a memória de trabalho, a tomada de decisões e a resolução de problemas, competências fundamentais para o êxito escolar, especialmente em áreas como a Matemática, a Filosofia e as Ciências Humanas (FERNANDES; MOREIRA, 2018).

O xadrez educacional, quando bem orientado, promove um ambiente de aprendizagem ativa, no qual os alunos se tornam protagonistas do seu processo formativo. Segundo Ferreira (2019), o jogo oferece aos estudantes situações desafiadoras que requerem planejamento, antecipação de consequências, análise de variáveis e adaptação de estratégias, o que contribui para o aprimoramento do pensamento crítico e da autonomia intelectual.

Em contextos de inclusão, o xadrez se mostra ainda mais valioso por sua estrutura acessível e adaptável, que permite a participação de estudantes com diferentes ritmos e estilos de aprendizagem. De acordo com Santos (2021), sua aplicação em turmas que incluem alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem proporcionado resultados positivos tanto no engajamento quanto na socialização dos participantes. A natureza previsível e regrada do jogo favorece o conforto e a segurança para esses alunos, ao mesmo tempo em que promove a interação com os colegas de maneira estruturada e significativa.

Além disso, o xadrez atua como uma ferramenta de promoção da equidade educacional, permitindo que todos os estudantes, independentemente de suas condições socioeconômicas, culturais ou cognitivas, possam acessar uma prática enriquecedora. Conforme ressalta Costa e Almeida (2020), a democratização do acesso a práticas como o xadrez contribui para a construção de um ambiente escolar mais inclusivo, ético e comprometido com o desenvolvimento integral dos sujeitos.

Nesse sentido, a inserção do xadrez no currículo escolar — especialmente em projetos que aliam práticas interdisciplinares, acessibilidade e sustentabilidade — amplia as possibilidades pedagógicas e fortalece valores como respeito, cooperação, empatia e diversidade. Assim, o xadrez deixa de ser apenas um jogo e se torna um instrumento de transformação educacional e social.


A adaptação do jogo de xadrez para o formato gigante, especialmente utilizando materiais recicláveis, tem se mostrado uma estratégia pedagógica inovadora e altamente eficaz para promover o engajamento dos estudantes. Com peças de grande porte e tabuleiro ampliado, a prática do xadrez torna-se mais visual, interativa e acessível, despertando o interesse e a curiosidade de toda a comunidade escolar.

Vivenciar um jogo tão nobre e complexo em sua versão gigante proporciona uma experiência única aos alunos. O ato de movimentar fisicamente as peças pelo tabuleiro estimula o raciocínio lógico, a coordenação motora, o trabalho em equipe e a tomada de decisões em tempo real. Essa abordagem lúdica transforma a aprendizagem em um momento prazeroso e concreto, permitindo que os estudantes explorem o conteúdo escolar por meio da experimentação, da vivência e da criatividade.

O ponto de partida para a construção desse projeto remonta ao ano de 2022, quando um grupo de alunos do ensino fundamental elaborou, durante as aulas de Matemática, um projeto de pesquisa com foco em sustentabilidade. Na ocasião, nasceu a proposta de aliar o jogo de xadrez ao reaproveitamento de materiais, dando origem à ideia da criação de um tabuleiro gigante confeccionado com itens recicláveis. Na ocasião foi utilizado, sobra de lona preta, costaneiras de eucalipto, resto de tinta branca e mão de obra de alunos e professores, como ilustrado nas imagens da tabela 01.




Tabela 01: Construção do jogo em 2022



Por se tratar de uma escola pública, sem acesso a recursos extras para aquisição de materiais pedagógicos diferenciados, a busca por parcerias com entidades privadas e organizações sociais tem sido essencial para viabilizar o desenvolvimento do projeto. Essa articulação estratégica tem se mostrado uma solução concreta e eficaz para promover

investimentos em ferramentas educativas inovadoras e inclusivas. Foi por meio dessa mobilização que o projeto conquistou apoio institucional e financeiro da cooperativa Sicredi para aquisição de um tabuleiro gigante de xadrez.

A chegada desse material fortalecerá significativamente a atuação do projeto na escola, ampliando o seu impacto e permitindo que a prática do xadrez, antes limitada por questões estruturais, alcançasse novos patamares de acessibilidade e visibilidade. O jogo gigante desperta a atenção de todos, chama o interesse de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), promove a interdisciplinaridade em diversas áreas do conhecimento e se consolida, dia após dia, como uma valiosa ferramenta de inclusão, criatividade e aprendizagem significativa. Esse avanço demonstra que, mesmo diante das limitações orçamentárias enfrentadas pelas escolas públicas, a união entre comunidade escolar, iniciativas pedagógicas e parcerias externas pode transformar ideias em realidades concretas, impactando positivamente a formação integral dos estudantes e reforçando os princípios de sustentabilidade e inovação educacional.

A presença do tabuleiro gigante em nossa escola vem ganhando cada vez mais espaço e importância. Ele atrai a atenção de todos que passam, estimula a participação ativa dos alunos e, de forma especial, promove a inclusão de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), oferecendo um ambiente de aprendizado acolhedor e estimulante.

Além disso, o projeto tem promovido uma rica interdisciplinaridade, sendo utilizado em diferentes áreas do conhecimento, como Matemática, Educação Física, História, Artes, e nas atividades do Atendimento Educacional Especializado (AEE). O xadrez gigante tornou-se um símbolo de transformação educativa, unindo sustentabilidade, inclusão e inovação pedagógica. Sim, foi justamente a prática do reaproveitamento de materiais e o compromisso com a sustentabilidade que deram origem a este projeto tão significativo. Hoje, ele avança com força, ampliando seus horizontes e consolidando-se como uma ferramenta educativa valiosa na formação integral dos nossos estudantes.




O desenvolvimento de práticas pedagógicas que envolvem atividades manuais, cooperativas e interativas, como a construção do tabuleiro de xadrez gigante, tem se mostrado uma ferramenta poderosa na promoção da aprendizagem significativa e na

efetivação da inclusão escolar. Tais práticas não apenas fortalecem o vínculo dos alunos com os conteúdos escolares, mas também integram diferentes setores da escola, especialmente o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que desempenha papel fundamental na mediação das ações voltadas aos estudantes com deficiência (BRASIL, 2008).

No Colégio Estadual Dr. Dorvalino Luciano de Souza (CEEDO), atendemos atualmente 235 alunos, dos quais 8 apresentam diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) — representando cerca de 3,4% da comunidade estudantil. Desses, 5 alunos estão classificados no nível 1 do espectro (grau leve), e 3 possuem diagnóstico sem especificação exata do nível funcional, conforme registros da Sala de AEE.



Tabela 02: Quantitativo AEE representado graficamente



A representação gráfica ilustra a presença e a evolução do atendimento aos alunos com TEA no CEEDO:

Distribuição Atual dos Alunos com TEA (2025): 3,4% do total de alunos são autistas (nível 1 e não especificado).

Evolução do Número de Alunos com TEA no CEEDO (2021–2025): Crescimento consistente na identificação e acompanhamento especializado.

Esses dados e práticas refletem o compromisso da escola com uma educação inclusiva, equitativa e transformadora, onde todos os alunos, independentemente de suas especificidades, têm espaço, voz e valor.


O TEA é classificado em três níveis de suporte, conforme a intensidade das necessidades de cada indivíduo:

Nível 1 – Suporte leve: o aluno demonstra autonomia, mas precisa de ajuda em interações sociais e flexibilidade de comportamento.

Nível 2 – Suporte moderado: há necessidade de suporte mais frequente, com desafios maiores de comunicação e adaptação a mudanças.

Nível 3 – Suporte substancial: o indivíduo requer apoio contínuo e especializado. (Este nível não está presente entre nossos alunos no momento.)




A prática do xadrez, especialmente em sua versão gigante, contribui de maneira significativa para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e motoras dos estudantes com TEA, sendo adaptável às diferentes necessidades:

Para alunos com TEA nível 1, o xadrez estimula a concentração, o raciocínio lógico e a organização mental, além de promover interações sociais de forma estruturada e previsível.

Para alunos com diagnóstico não especificado, o jogo proporciona um ambiente seguro e visual, que favorece a construção de rotina, autonomia, e o engajamento através do estímulo visual, tátil e espacial.

Para todos os estudantes com TEA, a vivência concreta de manipular peças grandes e deslocar-se sobre o tabuleiro contribui para a coordenação motora, a percepção corporal e o desenvolvimento de estratégias.

Para as famílias, ver seus filhos incluídos ativamente em projetos como este é extremamente significativo, superando barreiras e demonstrando capacidades muitas vezes invisibilizadas no cotidiano escolar tradicional.




A construção do tabuleiro e das peças do jogo de xadrez com materiais recicláveis

— como garrafas PET, papelão, sobras de tinta e madeira reaproveitada, está diretamente

alinhada aos princípios da educação ambiental. Conforme dispõe a Lei nº 9.795/1999, a educação ambiental deve ser integrada de forma contínua e articulada às práticas escolares, promovendo o desenvolvimento de valores, atitudes e competências voltadas à preservação do meio ambiente e à responsabilidade social dos estudantes (BRASIL, 1999).

O projeto “Xeque-Mate no Conhecimento: O Xadrez como Ferramenta para o Raciocínio Lógico e Abstrato” adota esses fundamentos como eixo central para a implementação de uma prática pedagógica sustentável, interdisciplinar e inclusiva. Desde sua concepção, o projeto busca aliar o aprendizado lógico-matemático e social ao compromisso com a reutilização de materiais, fomentando a consciência ecológica dentro do ambiente escolar.

A trajetória de sustentabilidade do projeto iniciou-se em 2021, com a construção do primeiro tabuleiro gigante de xadrez a partir de materiais reaproveitados: lona preta descartada, sobras de tinta de parede, pedaços de madeira e fragmentos de móveis antigos. Essa estrutura artesanal foi posteriormente utilizada em atividades escolares e apresentada como exemplo de inovação educativa e ambiental.

Em 2022, o tabuleiro foi premiado na 8ª Mostra Regional de Ciências do IFFar (campus Frederico Westphalen) e também reconhecido na Mostra Interna de Projetos Científicos (MIPC) do próprio Colégio CEEDO, reforçando o caráter didático, criativo e sustentável da iniciativa.






Tabela 03: Participações e premiações



Dando continuidade à proposta, em 2025 o projeto foi reconstruído, mantendo o compromisso com o reaproveitamento de materiais. Dessa vez, foram utilizadas sobras de caixas de papelão, garrafas PET e tintas excedentes, demonstrando, mais uma vez, a capacidade de reinvenção pedagógica com base em recursos simples e acessíveis.




Tabela 04: Reconstrução do Xadrez Gigante sustentável



Além disso, o projeto foi contemplado com recurso financeiro, oriundo do

Fundo de Desenvolvimento Regional da Cooperativa Sicredi, viabilizando a

aquisição de um tabuleiro gigante semi profissional. Esse apoio externo veio somar- se às ações de sustentabilidade e inclusão, permitindo que o projeto ampliasse seu alcance e fortalecesse ainda mais o envolvimento dos alunos e da comunidade escolar.

Assim, a prática de reaproveitamento no “Xeque-Mate no Conhecimento” extrapola o campo simbólico da sustentabilidade: ela se concretiza como experiência formativa, educativa e inspiradora, na qual os alunos não apenas aprendem sobre responsabilidade ambiental, mas a vivenciam de forma direta, crítica e participativa.



Tabela 05: Tabuleiro Gigante Semi Profissional




A consolidação do projeto permitirá a formação do Clube de Xadrez Escolar, no qual os alunos têm a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos, participar de torneios internos e se preparar para competições em níveis regionais, estaduais e federais. A participação nas Paraolimpíadas Escolares, com foco nos estudantes com TEA, é uma das metas futuras da iniciativa. Essas ações fortalecem o protagonismo estudantil, incentivam o espírito esportivo e ampliam os horizontes dos alunos para além dos muros da escola.

Desde seu início, em 2021, o projeto segue em constante evolução, sem previsão de término. A cada ano, novas técnicas são incorporadas e aprimoradas com base na experiência prática, nas contribuições da equipe pedagógica e nas parcerias estabelecidas com instituições públicas e privadas. Esse caráter dinâmico é o que torna o "Xeque-Mate no Conhecimento" uma iniciativa viva, adaptável e com grande potencial de impacto social e educacional.


A pesquisa será conduzida por meio de uma abordagem qualitativa com elementos exploratórios, bibliográficos e de campo, buscando compreender e analisar os impactos do uso do xadrez gigante como recurso pedagógico interdisciplinar e inclusivo no ambiente escolar. O estudo se desenvolverá no Colégio Estadual Dr. Dorvalino Luciano de Souza (CEEDO), localizado no município de Cerro Grande/RS, durante o ano letivo de 2025.



A coleta de dados será realizada por meio de:


Os dados serão organizados, sistematizados e analisados com base na análise de conteúdo, segundo Bardin (2016), permitindo identificar categorias emergentes como inclusão, sustentabilidade, raciocínio lógico e interdisciplinaridade. As informações serão trianguladas com a revisão bibliográfica.



Etapa

Período estimado

Levantamento bibliográfico e teórico

Março a Abril de 2025




Coleta de dados e construção de material

Maio a Junho de 2025

Observações e registros em campo

Maio a Agosto de 2025

Análise e sistematização dos dados

Agosto a Setembro de 2025

Redação final do relatório/pesquisa

Outubro de 2025

Apresentação dos resultados

Novembro de 2025



A avaliação da eficácia da metodologia será feita de forma contínua, observando:





O objeto de estudo deste projeto foi o tabuleiro de xadrez gigante confeccionado com materiais recicláveis e reaproveitados, utilizado como recurso pedagógico interdisciplinar e instrumento de inclusão escolar no Colégio Estadual Dr. Dorvalino Luciano de Souza (CEEDO), situado no município de Cerro Grande/RS.

A primeira versão do tabuleiro foi desenvolvida em 2021, como parte de uma proposta educativa voltada à sustentabilidade, utilizando lona preta reaproveitada, sobras de tintas de parede, pedaços de madeira e fragmentos de móveis descartados. Essa versão artesanal permitiu a realização de atividades lúdicas e pedagógicas, mesmo com recursos limitados.

Em 2025, o projeto foi reconstruído, mantendo o compromisso com a reutilização de materiais. Para essa nova etapa, foram empregados caixas de papelão, garrafas PET e sobras de tinta, com as peças cuidadosamente adaptadas em tamanho e peso, de modo a facilitar o manuseio por todos os alunos, incluindo aqueles com deficiência física ou intelectual. O tabuleiro, com dimensões aproximadas de 1,5m x 1,5m, foi ajustado ao espaço físico disponível na escola.

Complementarmente, foram utilizadas tecnologias simples e de baixo custo, como recortes em papel reciclado para a identificação das peças, aplicação de fita adesiva para reforço estrutural, e pintura manual para a finalização estética e funcional do jogo.

Em uma importante etapa de ampliação do projeto, o conjunto foi enriquecido com a aquisição de um tabuleiro gigante semi profissional, viabilizado por meio de recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Regional da Cooperativa Sicredi, fortalecendo ainda mais o impacto pedagógico e a visibilidade da iniciativa no contexto escolar e comunitário.




O estudo foi realizado nas dependências do CEEDO, em ambientes internos e externos da escola, como pátio coberto, biblioteca e salas de aula adaptadas. A instituição atende cerca de 235 alunos em diferentes modalidades de ensino (Fundamental, Médio, Técnico e Educação Especial). As atividades ocorreram em ambiente escolar regular, respeitando as condições de acessibilidade e segurança para todos os participantes.



A coleta de dados foi conduzida entre os meses de abril e agosto de 2025, por meio das seguintes etapas:




Os dados coletados foram organizados em categorias temáticas e submetidos à análise de conteúdo, segundo a metodologia proposta por Bardin (2016). As informações obtidas por observações, entrevistas e questionários foram transcritas, codificadas e comparadas com a fundamentação teórica, permitindo uma triangulação dos dados. As principais categorias analisadas foram: aprendizagem significativa, inclusão escolar, sustentabilidade e engajamento social.

A análise documental foi utilizada para contextualizar a evolução do projeto e identificar os registros formais de sua execução e impacto. Os resultados permitiram confirmar a hipótese de que o uso do xadrez gigante, especialmente em sua versão sustentável e adaptada, favorece a inclusão e o desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais entre os estudantes, com destaque para aqueles com necessidades educacionais especiais.


A questão de pesquisa que orientou este estudo foi:“De que forma o uso do xadrez gigante, construído com materiais reaproveitados, pode contribuir para a aprendizagem interdisciplinar e a inclusão escolar de estudantes com deficiência, em especial com TEA?”

A partir disso, as hipóteses consideradas foram:


A análise dos dados coletados por meio de observações, entrevistas, questionários e registros documentais indicou resultados consistentes com os objetivos e hipóteses do estudo. Os dados estão organizados a seguir conforme as categorias de análise:

Categoria

Evidência Coletada

Participação de alunos com TEA

100% dos alunos com diagnóstico participaram de pelo menos uma atividade

com o tabuleiro gigante

Interdisciplinaridade

Professores de Matemática, AEE,

Educação Física, Filosofia e História utilizaram o tabuleiro em suas práticas

Sustentabilidade

Todos os alunos identificaram o uso de materiais recicláveis e relataram aprender

sobre reaproveitamento

Engajamento e Inclusão

Maioria dos professores relataram

aumento de engajamento dos alunos durante as atividades



Os resultados confirmam as hipóteses iniciais do estudo. O uso do tabuleiro gigante, aliado à construção sustentável, contribuiu significativamente para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e emocionais dos alunos com TEA.

A hipótese H1 foi confirmada: os alunos com TEA demonstraram avanços na concentração, raciocínio lógico e planejamento estratégico. A hipótese H2 também foi validada, com destaque para a construção dos materiais com itens reaproveitados, que proporcionou pertencimento e inclusão. A hipótese H3 foi observada nas práticas interdisciplinares relatadas pelos professores.

Os achados deste estudo dialogam com autores como OLIVEIRA e SILVA (2020), que destacam o papel do xadrez no desenvolvimento cognitivo e socioemocional, especialmente em práticas pedagógicas inclusivas.

Os dados obtidos demonstram que projetos como o 'Xeque-Mate no Conhecimento' cumprem seu papel pedagógico e transformam o ambiente escolar em um espaço de pertencimento, criatividade e inclusão. As práticas adotadas devem ser replicadas em outras escolas públicas com contextos semelhantes.

Como próximos passos, pretende-se:




O desenvolvimento do projeto Xeque-Mate no Conhecimento evidenciou o potencial transformador do xadrez gigante como ferramenta pedagógica, inclusiva e interdisciplinar no ambiente escolar. A iniciativa permitiu não apenas o fortalecimento do raciocínio lógico e do pensamento estratégico entre os alunos, mas também promoveu valores como cooperação, respeito, criatividade e inclusão.

A construção do tabuleiro e das peças com materiais recicláveis demonstrou que é possível unir educação ambiental, sustentabilidade e inovação metodológica, mesmo em contextos de escassez de recursos. A participação ativa dos alunos, em especial daqueles com Transtorno do Espectro Autista (TEA), revelou avanços significativos na autoestima, no engajamento e nas interações sociais, reafirmando o compromisso da escola com uma educação acessível e acolhedora.

Os resultados obtidos ao longo do projeto confirmam as hipóteses iniciais e consolidam a proposta como uma prática efetiva para a integração curricular e o fortalecimento do vínculo entre alunos, professores, famílias e comunidade. A parceria

com instituições externas, como a Cooperativa Sicredi, também foi fundamental para viabilizar novas etapas do projeto e ampliar seu alcance.

Dessa forma, conclui-se que o xadrez gigante não é apenas um jogo ou um recurso didático, mas uma estratégia concreta de inclusão e inovação educacional. O sucesso do projeto abre caminho para futuras ações voltadas à valorização do protagonismo estudantil, à interdisciplinaridade e à construção de uma escola mais criativa, sustentável e inclusiva.



REFERÊNCIAS



BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 28 abr. 1999.


BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.


OLIVEIRA, Luiz Carlos; SILVA, Fernanda Aparecida. Xadrez escolar: ferramenta pedagógica e cognitiva para o ensino interdisciplinar. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, v. 25, n. 83, p. 1-17, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu. Acesso em: 15 jul. 2025.


BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.


INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA – IFFar. 8ª Mostra Regional de Ciências – Campus Frederico Westphalen. Anais Eletrônicos, 2022. Disponível em: https://www.iffarroupilha.edu.br. Acesso em: 10 jul. 2025.


SICREDI. Fundo de Desenvolvimento Regional: Projetos Sociais 2025. Site institucional, 2025. Disponível em: https://www.sicredi.com.br. Acesso em: 11 jul. 2025.